Quero passar o meu céu, aqui na terra, trabalhando por que os homens te conheçam, Senhor, te amem, te sirvam e sejam felizes em ti, como eu sou feliz em ti, meu Senhor e meu Amigo… (“Etapas da minha jornada a Deus”, em Em Comunhão com Deus, Ed. Martin Claret, 2008)

Huberto Rohden
Huberto Rohden - Filósofo, teólogo e educador

Huberto Rohden, infelizmente, ainda um ilustre desconhecido da maior parte das pessoas. Nasceu em São Ludgero-SC, em 1893, e falesceu em São Paulo-SP, em 1981, aos 87 anos. Autor de mais de 65 obras (ver preços) sobre ciência, filosofia e religião, além de livros sobre Gandhi e Einstein, formou-se em Ciências, Filosofia e Teologia em universidades da Europa – Innsbruck (Áustria), Valkenburg (Holanda) e Nápoles (Itália). Além de escritor, foi professor (no Brasil e nos Estados Unidos, onde, inclusive, conviveu com Albert Einstein) e conferencista. Fundou e dirigiu o movimento filosófico-espiritual Alvorada, para difundir e aplicar o que chamou de Filosofia Univérsica. Empreendeu viagens de estudo e experiência espiritual pela Palestina, Egito, Índia e Nepal. Enfim, sua formação não deixa dúvidas sobre sua capacidade e dedicação a estes temas.

Rohden fez o que eu gostaria de fazer: articular várias tradições teológicas numa visão equilibrada e cuidadosamente desenvolvida. Rohden viveu as duas pontas opostas do desenvolvimento espiritual, ou seja, o materialismo ou ceticismo radical e o ascetismo radical (o abandono de tudo e o isolamento total), para chegar a uma síntese do “homem total” ou “pleni-homem”: para Rohden, o homem que ama e vive o “Deus do mundo” e o “mundo de Deus”. Rohden explica que para se tornar pleno, o homem deve encontrar a Deus (através do encontro real consigo mesmo) e, assim, neste estado de graça divina, se relacionar com o mundo. Como já dito há vários milênios, mas muito mal compreendido, o “problema” está em nós, na forma como nos relacionamos com o que há dentro e fora de nós, não no mundo. Basta apenas um livro, como o Em Comunhão com Deus, para notar o quanto Rohden desenvolveu sua filosofia.  Mas acredito que todo e qualquer conhecimento pode e deve ser desenvolvido, aprimorado. O trabalho de Rohden não é exceção. Porém, o que já existe é profundo e demanda um longo, paciente e dedicado estudo. Só então, após assimilá-lo, é que pretendo me dedicar também a contribuir para seu desenvolvimento.

Eu gostaria aqui de poder falar muitas coisas sobre este espírito iluminado, mas não posso, pois ainda o recém conheço, e nem preciso. Rohden pode muito bem falar de si próprio, através de seus escritos. Deixo para vocês, então, algumas passagens que me tocaram profundamente nessas primeiras leituras. E são só as primeiras…

O homem material é um infra-homem. O homem ascético é um semi-homem. O homem espiritual é um pleni-homem. O primeiro afirma o mundo, mas nega, ou ignora, a Deus. O segundo afirma a Deus e nega o mundo. O terceiro afirma o Deus do mundo e o mundo de Deus. (prefácio de Em Comunhão com Deus)

Para que o homem possa ingressar nesse mundo grandioso do “espírito”, é necessário que transcenda as fronteiras dos “sentidos” e do “intelecto”. […] Ora, o homem vive no céu dos sentidos há milhões de anos, e vive no céu do intelecto talvez há um milhão de anos. Assim sendo, é perfeitamente compreensível que o mundo dos sentidos e do intelecto exerça sobre ele um impacto direito [sic] e veemente, a cuja brutalidade o homem quase não consegue subtrair-se. (“Alvorada de uma vida nova”, em Em Comunhão com Deus)

Todo nosso trabalho humano [para atingir o mundo do “espírito”], por mais necessário, é insuficiente. Não passa de uma extensa linha horizontal de “fazer, fazer, fazer”. A experiência com Deus, porém, é semelhante a uma linha “vertical”, que vem de ignotas alturas e vai a misteriosas profundezas, cortando a nossa linha horizontal em determinado ponto da sua jornada, e produzindo em nós esse novo “ser”, único e eterno, superior a toda a compreensão e análise consciente. (“Como entrar em comunhão com Deus”, em Em Comunhão com Deus)

O que, todavia, sei é o seguinte: que todo homem que teve o seu encontro pessoal com Deus sabe que existe dentro de sua alma um lugar seguro, um baluarte inexpugnável, uma fortaleza indestrutível, para dentro da qual pode a alma refugiar-se em pleno campo de batalha, em pleno furor da tempestade, e viver em profunda paz e serenidade interior. […] De ti é que vim, em ti estou, a ti voltarei – é essa toda a minha filosofia [grifo meu], o meu mundo inteiro… Fizeste-me para ti, Senhor, e inquieto está o meu coração até que ache quietação em ti… (“O baluarte dentro da alma”, em Em Comunhão com Deus)

Conheça Rohden, é minha sincera dica para você. Se quiser saber mais, alguns links úteis:

  • Observador Espírita, sobre Rohden (aqui)
  • Wikipedia (aqui)
  • Outros pensamentos de Rohden (aqui)
  • Áudios de palestras, disponibilizadas pelo IPPB (aqui)