Estes são tempos de reflexão, não de reação cega e irrefletida. Antes de tudo, é tempo de fraternidade!

Democracia é também saber perder, mesmo quando sentimos que todo mundo perdeu. Nessas eleições, a maioria optou por negar algo. Seria ingenuidade achar que negou-se a corrupção, pois já vemos muita gente que responde por corrupção a compor o novo governo, seja na cúpula, seja na base de apoio. E isso é inevitável, afinal. Foi inevitável para o PT e será agora para o Bolsonaro. No fundo, sei que quase todos sabem disso. Então, sim, a vitória foi do #ptnão sobre o #elenão.

Dito isso, quero por outro lado reconhecer, ressaltar e defender a democracia: a eleição foi decidida no voto e o voto de qualquer eleitor do Bolsonaro, o novo presidente deste país, vale tanto quanto o meu. Reconheço o seu direito, tão sagrado quanto o meu, de se sentir representado.

Desejo do fundo do coração que cada um de vocês que votou em Bolsonaro possa, agora, sair desse lugar de ódio ao PT e possa ver com clareza a situação delicada em que estamos: qualquer escorregão nesse momento, qualquer passo em direção à violência e ao autoritarismo, e cairemos em guerra civil que lamentaremos profundamente, todos nós. Esse perigo não está de todo afastado nessa hora em que ainda estamos muito tensionados. Não deve haver, por parte do novo governo, um sentimento enganoso e perigoso de carta branca ou de maioria absoluta, pois não há consenso geral no país.

Então, amigos, é hora de muita responsabilidade, de todos nós. É hora de seriedade, de sensibilidade, de reconstrução da civilidade e de sermos, isto sim, intolerantes ao ódio e à violência.

É o compromisso com o amor, o respeito, a dignidade e a fraternidade que deve unir a todos os brasileiros, não um partido ou um homem! A justiça e o amor sempre vão vencer, a história mostra isso, mas não sem nosso compromisso com estas virtudes. Que desejemos uma convivência civilizada e pacífica, nos vendo como parte do mesmo povo, com pluralidade de visões, mas acima de tudo comprometidos com a existência uns dos outros.

Enfim, amigos, deixemos agora o ódio e a revolta para trás e cuidemos para que nossa sociedade respeite a vida e dignidade de cada um, mas especialmente que não deixemos à mercê da maldade generalizada os nossos irmãos mais vulneráveis, como os índios, lgbts, ambientalistas, os artistas anônimos desse país afora e outros. Saibamos garantir o respeito à sua dignidade, à despeito de nossas divergências políticas e ideológicas. A vida é sempre mais importante!

Cabe a todos os políticos e pessoas eminentes desse país contribuir para o bom combate, o combate democrático e civilizado. Nossas ideias e visões podem e devem se embater, pois é daí que surgem as sínteses que nos levam à frente. Mas nós, concidadãos, não devemos nos ver como inimigos. Se o país for ruim para metade de seus cidadãos, ele será ruim para todos.

Muita paz e muita luz para todos nós.